Festival movimentou a capital pernambucana - Fotos: Guga Renato/Festival Pernambucano de Literatura Negra
O 4° Festival Pernambucano de Literatura Negra chegou ao seu último dia na quarta-feira, 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, na Livraria Jaqueira, no bairro do Recife. O festival exaltou a literatura e a cultura negra, e encerrou sua programação com uma série de atividades que destacaram a força intelectual, política e artistas negros.
A programação reafirmou a importância de promover espaços que celebram a diversidade e a riqueza cultural da literatura negra, evidenciando o poder transformador das palavras e das narrativas coletivas com representatividade preta.
O último dia do encontro começou com a mesa “A justiça é uma mulher negra: literatura e intelectualidade como instrumentos políticos”, mediada por Marta Souza e com a participação da procuradora federal e professora Chiara Ramos, que trouxe reflexões sobre a luta por justiça e igualdade a partir da literatura como ferramenta de transformação social.
Logo após, o painel “Eu sou porque nós somos: sonhos e narrativas de mulheres negras escritoras” reuniu as autoras Inaldete Pinheiro e Odailta Alves, com mediação da também escritora Maria Cristina Tavares. O debate reforçou a importância de valorizar as histórias e perspectivas de mulheres negras, marcando a literatura como um espaço de resistência e ancestralidade.
Em seguida, houve o lançamento da 2ª edição do livro "Movendo as Estruturas", da escritora e jornalista Jaqueline Fraga, uma obra que aborda questões raciais e de gênero com olhar crítico e engajado. O momento contou com uma sessão de autógrafos, seguida de um sorteio de livros para o público presente.
Para a professora Amanda Silva, que levou a filha de 9 anos para o festival, o evento foi uma oportunidade única de aprendizado.
“Quis que minha filha visse de perto a riqueza da nossa cultura e conhecesse autoras negras incríveis. É importante que ela cresça sabendo que a literatura é também um espaço que nos pertence”, afirmou Amanda.
O sociólogo Ricardo Santana, que participou do festival como espectador, destacou a importância de os homens também se engajarem em eventos como este.
“O papel masculino aqui é reconhecer e valorizar essas vozes, contribuindo para que a representatividade negra ganhe ainda mais força. Participar deste espaço é aprender, apoiar e amplificar essas narrativas”, afirmou Ricardo.
No início da noite, o sarau literário trouxe performances de Anna Carolina Nogueira, Crislaine Venceslau, Joaninha Dias e Marcondes FH, celebrando a poesia como um ato performático, repleto de expressão e empoderamento.
“Concluir a quarta edição do festival no Recife, um espaço tão emblemático para a cultura pernambucana, é motivo de grande orgulho. Ao longo de todas as edições, conseguimos conectar diferentes cidades e públicos em torno da literatura negra, promovendo reflexão, resistência e valorização de nossa história. Essa culminância é uma celebração do que construímos até aqui e um incentivo para seguirmos em frente”, avaliou Jaqueline Fraga, idealizadora do evento e autora do livro "Movendo as Estruturas" .
O encerramento do festival ficou por conta da apresentação musical da cantora Luana Tavares, cuja apresentação encantou os presentes com um repertório de músicas com representatividade negra e religião de matriz africana. Além disso, encerrando a noite, o público pôde aproveitar as delícias do coffe-break montado pela Cabocla Delícias.
Evento entra pro calendário cultural e literário do estado - Foto: Guga Renato/Festival Pernambucano de Literatura Negra